Javier Milei (à esq.) em imagem publicada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – Foto: Reprodução – Rede Social
Autor Eraldo Costa
O economista ultraliberal Javier Milei, do partido Libertad Avanza, consolidou sua vitória nas eleições presidenciais argentinas ao conquistar uma expressiva margem de 55% dos votos, superando seu adversário Sergio Massa, do partido Unión por la Patria, que obteve 44%. Aos 52 anos, Milei está prestes a assumir a presidência em dezembro, adentrando um cenário político repleto de desafios consideráveis, incluindo uma profunda crise econômica marcada por alta inflação, abrangente pobreza, desvalorização da moeda, elevada dívida externa e escassez de reservas internacionais.
Durante sua campanha, Milei apresentou propostas econômicas radicais, como a dolarização da economia e a dissolução do Banco Central. No entanto, persistem incertezas quanto à efetiva implementação dessas propostas e à natureza exata de seu governo.
O resultado eleitoral foi determinante, especialmente devido ao apoio obtido no primeiro turno por meio de uma aliança com a direita tradicional argentina, liderada por Mauricio Macri, ex-presidente, e Patricia Bullrich, ex-ministra da Segurança.
Em seu discurso de vitória, Milei prometeu transformações profundas, destacando a necessidade de mudanças estruturais para evitar uma crise mais acentuada. Ele enfatizou o respeito à democracia e estendeu um convite às outras forças políticas para se unirem ao seu projeto.
Contudo, é notável que no Brasil, apoiadores bolsonaristas euforicos manifestaram apoio incondicional à vitória do candidato ultraconservador na Argentina, que adotou estratégias semelhantes às observadas nas campanhas de Donald Trump e Jair Bolsonaro. Caracterizado por discursos radicais, manifestações de intolerância religiosa e misoginia, além de uma abordagem impactante nas redes sociais, inclusive utilizando inteligência artificial para criar polêmicas como a promessa de abandonar o MERCOSUL.
Milei se declara um anti-político e antissistema, cujo futuro na política está repleto de incertezas. Seu discurso e estilo anti-establishment podem resultar em um mandato tumultuado, assim como o de seus mentores, com ameaças de impeachment, possíveis processos legais que podem acarretar em ineligibilidade e investigações por tentativa de golpe de Estado, bem como crimes por incitações de ações militares, semelhantes às observadas nos líderes políticos como Trump e Bolsonaro. Este desfecho são aspectos que somente o tempo revelará.
As cenas políticas que se desenharão na Argentina nos próximos anos prometem ser intensas e repletas de eventos marcantes. O presidente eleito afirmou que a Argentina voltará a ser uma potência mundial, abraçando o modelo de liberdade. No entanto, seu discurso moderado contrasta com a retórica mais radical usada durante a campanha. O país, agora sob a liderança de Milei, entra em uma nova fase, e o desfecho de sua gestão dependerá das ações efetivas que ele implementará diante dos desafios econômicos e sociais que se apresentam.
Fonte: www.euqueroinvestir.com