Redator: Eraldo Costa
Um estudo realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) revelou um aspecto intrigante das pesquisas eleitorais no Brasil: Entre janeiro e abril deste ano, das 943 pesquisas de intenção de voto registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 432 foram pagas com “recursos próprios”, representando 45,85% do total.Nove em cada dez pesquisas eleitorais pagas com recursos próprios das empresas foram feitas em cidades do interior.
Legalidade e regulamentação
Embora a prática de autofinanciamento não seja ilegal, ela deve ser transparente e seguir as normas estabelecidas pela resolução do TSE. As empresas devem informar o valor e a origem dos recursos, além de apresentar um demonstrativo financeiro do ano anterior às eleições. O Ministério Público Eleitoral (MPE) é responsável por fiscalizar possíveis irregularidades, mas ressalta que o autofinanciamento por si só não constitui ilegalidade.
Valor de uma pesquisa
O valor médio de uma pesquisa paga é de R$ 9 mil, as pesquisas pagas com recursos próprios custavam 14% a menos, R$ 7,8 mil. Em regra, o valor da pesquisa depende da logística, determinada pela metodologia (presencial ou remota), tamanho da amostra e volume do questionário, essa diferença de custo levanta suspeitas sobre a qualidade e a imparcialidade desses levantamentos, especialmente porque algumas empresas têm nomes semelhantes a institutos mais conhecidos, o que pode confundir os eleitores e influenciar indevidamente a opinião pública.
Peça de publicidade
Apenas as pesquisas eleitorais registradas na Justiça Eleitoral podem ser divulgadas pelos partidos, candidatos e meios de comunicação. Algumas empresas de pesquisa financiam seus próprios estudos, e há suspeitas de que esses resultados sejam usados como propaganda política para favorecer alguns candidatos ou prejudicar seus concorrentes antes das convenções partidárias, que acontecem até 5 de agosto. Esse tipo de prática levanta dúvidas sobre a imparcialidade das pesquisas e a transparência do processo eleitoral.
Exemplos e casos
Um exemplo concreto foi dado pelo administrador Mario Rodrigues Filho, fundador do Instituto Grupom com sede em Goiânia. Ele desistiu de publicar pesquisa eleitoral este ano para não expor a imagem do instituto, pois há casos de empresas que têm capital social inferior aos valores dos levantamentos que declaram autofinanciamento. Outro ponto relevante é que nove em cada dez pesquisas eleitorais pagas com recursos próprios das empresas foram feitas em cidades do interior, o que pode indicar uma concentração de interesses locais e uma possível distorção na representatividade dos resultados.
Autofinanciamento das pesquisas
O autofinanciamento das pesquisas eleitorais é uma prática que, embora legal, suscita questionamentos sobre sua transparência, imparcialidade e potencial uso indevido como instrumento de manipulação política. A divulgação de dados mais detalhados sobre as pesquisas registradas, prevista para o final de maio pela Abep, e a atuação do Ministério Público Eleitoral são fundamentais para garantir a lisura do processo e coibir possíveis irregularidades. Resta acompanhar como essas questões serão tratadas e quais medidas serão tomadas para assegurar a credibilidade das pesquisas eleitorais no país.
Fonte: www.agenciabrasil.ebc.com.br / Banco imagem canva