Condenados pelo 8 de janeiro quebram tornozeleira eletrônica e fogem do país.
Redator: Eraldo Costa
George Washington, condenado a 9 anos e 8 meses por planejar um atentado com bomba no Aeroporto de Brasília na véspera do Natal de 2022, começou a cumprir sua pena em regime semiaberto. A decisão, tomada pela juíza Francisca Danielle Mesquita do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), permite que o réu trabalhe externamente, mas sem direito a saídas temporárias nos fins de semana.
Plano de atentado e prisão
George Washington, ex-gerente de um posto de combustíveis, foi preso após a descoberta de uma bomba em um caminhão-tanque próximo ao aeroporto de Brasília. Em seu apartamento, a polícia encontrou um arsenal incluindo um fuzil, espingardas, revólveres, munição e explosivos. Apesar de ter registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC), seus documentos estavam irregulares, e ele não poderia estar em posse de armas ou explosivos.
Confissão e motivações
George Washington confessou ter viajado para Brasília com o objetivo de participar de manifestações contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, declarando-se apoiador de Jair Bolsonaro. Seu plano era causar um caos social que justificasse uma intervenção militar, impedindo a posse de Lula. A bomba foi descoberta e neutralizada pela Polícia Militar após o motorista do caminhão perceber o objeto suspeito.
Envolvimento de outros acusados
Alan Diego dos Santos Rodrigues, outro envolvido no plano, confessou ter recebido o explosivo de George Washington e ter levado o dispositivo ao aeroporto com a ajuda do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo de Souza. Macedo, monitorado por tornozeleira eletrônica, fugiu para o Paraguai após o atentado. Ele foi preso em setembro de 2023 e condenado a seis anos de prisão em um processo separado.
Fuga e monitoramento
Após o atentado, Macedo quebrou sua tornozeleira eletrônica e fugiu. Ele, que era assessor do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, recebeu salários e indenizações, além de auxílio-emergencial em 2020. Macedo e George Washington se conheceram em acampamentos bolsonaristas em Brasília, onde planejavam ações contra o governo eleito.
Quebra de tornozeleiras e fugas
Levantamento aponta que, ao menos, 51 pessoas suspeitas de participarem de atos golpistas após as eleições de 2022 têm mandados de prisão em aberto ou fugiram após quebrar suas tornozeleiras. Dez dessas pessoas fugiram para países como Argentina e Uruguai. A maioria dos fugitivos é de estados do Sul e Sudeste, com idade média de 50 anos.
Condenação e implicações
Os condenados perderam o direito ao regime aberto e devem retornar ao semiaberto ou fechado se recapturados. Facilitar a fuga é crime com pena de seis meses a dois anos de detenção. A destruição da tornozeleira, embora não aumente a punição, implica na perda de benefícios de regime mais brando.
Monitoramento remoto
A concessão do regime semiaberto a condenados por crimes graves e a subsequente fuga de muitos deles após quebrarem as tornozeleiras eletrônicas evidenciam falhas no sistema de monitoramento e execução penal. O caso recente de George Washington e a evasão de outros envolvidos em atos golpistas ressaltam a necessidade de revisão das condições de liberação e monitoramento dos presos, garantindo que as penas sejam devidamente cumpridas.
Fonte: www./noticias.uol.com.br /Imagem: Gabriela Biló/Folhapres