Pedro Lucas é administrador e, desde 2023, é vice-líder do governo. Llíder do União Brasil na Câmara, deputado do Maranhão está no 2º mandato; o documento com a dispensa ainda não terá o novo nome.
Brasília se movimenta nos bastidores e o Ministério das Comunicações entra no tabuleiro político.
Pedro Lucas Fernandes, deputado federal e líder do União Brasil na Câmara, deve assumir o comando do Ministério das Comunicações em um movimento estratégico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A nomeação tem múltiplos significados: além de reforçar a base governista, freia a articulação de uma superfederação entre o União Brasil e o Partido Progressista (PP), que poderia alterar o equilíbrio de forças no Congresso Nacional.
Quem é Pedro Lucas?
Pedro Lucas é considerado um parlamentar de perfil ponderado, conciliador e, nos últimos tempos, governista. Deputados o identificam como alguém que acompanhou as orientações do governo Bolsonaro entre 2019 e 2022, mas que, atualmente, atua alinhado à base de apoio do governo Lula. Sua ascensão está diretamente ligada ao presidente nacional do União Brasil, Antônio Rueda, uma das principais lideranças da ala oposicionista da legenda. No Maranhão, e ao Ministro do STF Flávio Dino, o partido é dividido entre dois polos de poder: um liderado por Pedro Lucas e outro pelo ex-ministro Juscelino Filho, agora em rota de colisão política com o novo ministro.
Uma jogada meditada no xadrez político
A capital federal não para. Entre articulações discretas e telefonemas incessantes, Lula prepara um movimento de cálculo preciso. A entrega do Ministério das Comunicações ao União Brasil atende ao vácuo deixado pelo antigo titular da pasta, afastado por denúncias de irregularidades. Mas vai além: busca neutralizar o avanço de uma articulação entre União Brasil e PP, que ameaçaria superar até mesmo o PL e a federação do PT em número de deputados.
Caso a superfederação se concretizasse, haveria um impacto direto na distribuição de tempo de TV, acesso ao fundo partidário e na ocupação de espaços estratégicos em comissões parlamentares.
Internamente fragmentados, externamente ambiciosos
A união entre União Brasil e PP, no entanto, esbarra em realidades locais. Divergências regionais entre caciques políticos das duas legendas já provocam embates em pelo menos quatro estados. Além disso, dentro do próprio União Brasil, as marcas da fusão entre PSL e DEM ainda provocam fissuras. No Amazonas, por exemplo, o deputado Pauderney Avelino e o governador Wilson Lima seguem em confronto direto, apesar de integrarem o mesmo partido.
Federações também enfrentam turbulências
O cenário de instabilidade se estende às federações partidárias. Criadas como solução à cláusula de barreira, essas estruturas começam a apresentar sinais de desgaste. O Cidadania avalia romper com o PSDB; o PV repensa sua aliança com PT e PCdoB; e a Rede já questiona sua permanência na federação com o PSOL.
Esses movimentos revelam um cenário de reconfiguração política em curso, no qual alianças até então sólidas estão sendo colocadas à prova.
Nomeação com endereço certo
A escolha de Pedro Lucas para as Comunicações agrada a uma ala do União Brasil, aproxima o partido do Planalto e esvazia o impulso de união com o PP. Mais do que uma substituição pontual, trata-se de um gesto que consolida a base governista, ao mesmo tempo em que preserva o governo de uma reconfiguração no Congresso que poderia reduzir sua capacidade de articulação.
O jogo continua
Em Brasília, as peças se movem em silêncio. Lula, com sua conhecida habilidade política, aposta na máxima de que “dividir para conquistar” ainda é uma estratégia eficaz. Cada passo é medido. E o próximo xeque pode vir de onde menos se espera.
Fonte: www.gazetadopovo.com.br / Redator: Eraldo Costa / Imagem: Reprodução