Análise com mais de 56 milhões de casos aponta aumento relevante em transtornos do neurodesenvolvimento.
Um novo estudo de grande porte trouxe à tona uma preocupação crescente na área da saúde materno-infantil. A pesquisa, publicada na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, aponta uma associação consistente entre o diabetes durante a gestação e o aumento no risco de distúrbios do neurodesenvolvimento Transtorno do Espectro Autista (TEA) e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) em crianças.
Mais de 56 Milhões de Gestações Avaliadas
A meta-análise considerou dados de 202 estudos realizados em diferentes países, abrangendo mais de 56 milhões de gestantes. Os resultados são claros: tanto o diabetes gestacional quanto o diabetes tipo 2 preexistente demonstraram vínculo com maiores índices de autismo, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e deficiências intelectuais nas crianças.
Percentuais Revelam Aumento Significativo nos Riscos
As estatísticas apresentadas pelos pesquisadores chineses responsáveis pela análise são contundentes:
- 25% de aumento no risco de Transtorno do Espectro Autista (TEA)
- 30% de probabilidade maior de TDAH
- 32% de chance ampliada de deficiência intelectual
Além desses, também foram observados riscos aumentados — entre 16% e 20% — para problemas como transtornos de linguagem, dificuldades de aprendizagem e limitações motoras.
Diabetes Tipo 2 Antes da Gravidez Representa Maior Risco
Os dados indicam que o diabetes já existente antes da concepção apresenta um impacto ainda mais significativo. Nesse grupo, o risco de desenvolver qualquer transtorno do neurodesenvolvimento foi 39% superior, em comparação com o diabetes que surge durante a gestação.
Causas Possíveis: O Que Pode Estar por Trás dos Números
Especialistas sugerem que níveis elevados de glicose no sangue durante a gravidez podem interferir diretamente no desenvolvimento cerebral do feto. Entre os mecanismos prováveis estão:
- Aumento da inflamação intrauterina
- Alterações hormonais persistentes
- Mudanças na expressão dos genes do feto
Além disso, altos níveis de glicose podem resultar em bebês com peso excessivo ao nascer, o que, por sua vez, pode gerar complicações no parto e afetar o desenvolvimento neurológico.
Relação É Forte, Mas Não Causal
Embora a pesquisa estabeleça uma correlação robusta entre diabetes materno e distúrbios neurológicos, os autores ressaltam que ainda não é possível confirmar uma relação causal direta. Mais investigações são necessárias para compreender as múltiplas variáveis envolvidas no processo.
Impacto Global: Um Desafio Crescente
O diabetes gestacional afeta até 9% das gestações nos Estados Unidos, com números em ascensão em várias partes do mundo. Esse cenário reforça a urgência por melhores políticas de saúde pública voltadas ao acompanhamento pré-natal e à prevenção.
Fatores que Aumentam o Risco de Diabetes Materno
A tendência de crescimento desse tipo de diabetes está fortemente ligada a fatores como:
- Obesidade
- Estilo de vida sedentário
- Idade materna avançada, especialmente a partir dos 35 anos
Essas variáveis apontam para a importância de orientações pré-concepcionais eficazes, com foco em mudanças de hábitos e acompanhamento médico contínuo.
Atenção Redobrada: Monitoramento Glicêmico É Essencial
Os resultados desta análise reforçam a necessidade de monitoramento rigoroso da glicemia, quantidade de glicose (açúcar) no sangue, durante toda a gestação. Manter os níveis de açúcar no sangue sob controle não apenas beneficia a saúde da gestante, mas pode ter efeitos protetores cruciais no desenvolvimento cognitivo e neurológico do bebê.
Perguntas Frequentes (FAQ)
1. Diabetes na gravidez causa autismo diretamente?
Não. A pesquisa identifica uma associação, mas não uma relação causal. Isso significa que há um risco aumentado, mas outros fatores também influenciam.
2. Qual tipo de diabetes apresenta maior risco?
O diabetes tipo 2 preexistente à gravidez apresenta risco mais elevado que o diabetes gestacional.
3. Como prevenir o diabetes gestacional?
Manter um peso saudável, praticar atividades físicas e realizar exames periódicos são medidas eficazes.
4. O que os profissionais de saúde recomendam para mulheres com diabetes que desejam engravidar?
Que busquem estabilizar a condição antes da concepção e sigam um plano de cuidados com equipe especializada.
5. Existe tratamento para reduzir os riscos ao bebê?
Sim. O controle rigoroso da glicemia durante a gestação é essencial para minimizar os riscos de complicações.
6. Essa descoberta afeta todas as gestações com diabetes?
Embora os riscos sejam elevados, cada caso é único. Um bom acompanhamento médico faz diferença significativa.
Fonte: www.cbsnews.com / Redator: Eraldo Costa / Imagem: