Vice-presidente dos EUA foi a última autoridade a visitar o Papa Francisco, que se despediu com apelo global por paz.
O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, foi a última autoridade internacional a se encontrar com o Papa Francisco. A visita aconteceu no Vaticano, durante a tarde do Domingo de Páscoa, 20 de abril de 2025, algumas horas antes do falecimento do pontífice. O Vaticano descreveu o encontro como uma troca de “bons votos” pelo feriado de Páscoa, durando poucos minutos. Francisco ofereceu a Vance uma gravata, rosários e três ovos de Páscoa para seus filhos. Na despedida, “Sei que o senhor não tem se sentido bem, mas é bom vê-lo com saúde melhor”, disse Vance. “Obrigado por me receber. Francisco teria dito: “Boa Páscoa, vou rezar por você. Deus lhe abençoe.” Mais tarde, o vice-presidente se juntou à família para assistir à missa na basílica de São Paulo e visitou o túmulo do apóstolo Paulo.
Diálogo reservado e contexto político
Não há registros de uma mensagem direta do Papa Francisco enviada a Donald Trump ou aos americanos após esse encontro com Vance. No entanto, em 20 de janeiro de 2025, por ocasião da posse de Trump como 47º presidente dos EUA, Francisco enviou uma mensagem formal desejando que, sob a liderança de Trump, os EUA prosperassem como uma “terra de oportunidades e acolhimento para todos”, construindo uma sociedade sem “ódio, discriminação ou exclusão”. Ele também pediu sabedoria a Trump para promover a paz e a reconciliação diante de desafios globais, como guerras.
Após a morte de Francisco em 21 de abril de 2025, Trump publicou condolências no Truth Social, dizendo: “Descanse em paz, papa Francisco! Que Deus o abençoe e aos que o amavam”. J.D. Vance também expressou gratidão pelo encontro, destacando a homilia de Francisco durante a pandemia..
Última mensagem pública: apelo à solidariedade e ao desarmamento
Debilitado por conta da recuperação de uma pneumonia bilateral, Francisco não celebrou a missa, mas compareceu na sacada da basílica para a bênção Urbis et Orbi. Ele disse algumas breves frases, mas teve sua tradicional mensagem de Páscoa lida por um cardeal assistente na sacada da Basílica de São Pedro.
No texto, Francisco lembrou de diversos conflitos que acontecem pelo mundo e destacou que “A paz ainda é o melhor recurso.“. Francisco proferiu sua última mensagem pública. Durante a bênção pascal na Praça de São Pedro, ele conclamou líderes mundiais a utilizarem seus recursos para erradicar a fome e investir em desenvolvimento humano. Também reforçou a defesa dos mais vulneráveis, criticando o desprezo por migrantes e marginalizados.
O Papa ainda fez um alerta sobre os riscos de uma escalada armamentista. Disse que o desejo dos povos por segurança não pode resultar em uma corrida generalizada ao armamento. Sua fala final ecoou um princípio que guiou seu pontificado: “a paz é possível”.
Francisco: um papado marcado por reformas e empatia
Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, foi eleito em 13 de março de 2013, após a renúncia de Bento XVI. Foi o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo. Desde o início, buscou uma Igreja mais próxima dos pobres, engajada em causas ambientais e aberta ao diálogo com outras religiões e realidades sociais.
Entre suas ações de destaque estão a encíclica Laudato Si’, a reaproximação diplomática entre EUA e Cuba em 2014, e os esforços em prol da paz em regiões como a Ucrânia e o Sudão do Sul.
Desafios internos e estilo singular
Apesar da popularidade global, Francisco enfrentou resistência dentro da Igreja, especialmente por suas posições sobre temas como o acolhimento de divorciados e a possibilidade de ordenação de homens casados em locais remotos.
Escolheu viver em um alojamento simples, rejeitando luxos. Sua maneira direta e acolhedora se manifestava em pequenos gestos, como abraços a doentes e telefonemas a fiéis em dificuldade.
Legado de transformação
Com mais de dez anos de pontificado, Francisco deixou um legado de compromisso com justiça social, compaixão e diálogo. Seu impacto ultrapassou as fronteiras da fé, tornando-se uma voz moral no cenário global. Ainda que sua trajetória esteja encerrada, sua mensagem permanece viva: é possível construir uma sociedade mais humana, solidária e em paz.
Fonte: www.vaticannews.va / Redator: Eraldo Costa / Imagem: Divulgação