Um novo Papa jesuíta? A influência do primeiro jesuíta a ser Papa na Igreja Católica.
A eleição de Jorge Mario Bergoglio como Papa Francisco em 2013 foi um marco histórico para a Igreja Católica Romana. Como o primeiro papa jesuíta e o primeiro latino-americano a ocupar o trono de Pedro, Francisco trouxe uma perspectiva única, moldada por sua formação na Companhia de Jesus e pelo contexto social da América Latina. Seu pontificado, que terminou com sua morte em 21 de abril de 2025, foi marcado por reformas progressistas, ênfase na justiça social e uma abordagem pastoral que gerou tanto apoio quanto controvérsia. Este artigo explora a trajetória de Francisco, o papel histórico dos jesuítas no Brasil e no mundo, e sua influência na composição do Colégio dos Cardeais, que agora determinará o futuro da Igreja.
Jorge: um jesuíta no comando da Igreja
Jorge Mario Bergoglio ingressou na Companhia de Jesus em 1958, foi ordenado sacerdote em 1969 e se tornou arcebispo de Buenos Aires. Em 2013, assumiu o papado após a renúncia de Bento XVI, surpreendendo o mundo com seu estilo simples e próximo das periferias.
A Companhia de Jesus: missão, expansão e desafios
A Companhia de Jesus foi fundada por Santo Inácio de Loyola em 1540. Desde seu início, os jesuítas tiveram como missão propagar a fé católica com foco em ensino, missão internacional e formação teológica.
Eles foram fundamentais na Contrarreforma, atuaram como conselheiros papais e fundaram renomadas instituições educacionais pelo mundo.
Conflitos e fidelidade
Embora comprometidos com o Papa, os jesuítas enfrentaram controvérsias:
- Adaptação cultural: Práticas como os ritos chineses geraram acusações de sincretismo.
- Defesa dos vulneráveis: No Brasil, a atuação a favor dos indígenas criou atritos com o poder colonial.
- Supressão da ordem: A ordem foi dissolvida em 1773 por pressão política de monarquias europeias e restaurada apenas em 1814.
Esses episódios mostram uma constante tensão entre o compromisso com a justiça social e a obediência eclesiástica.
Presença dos jesuítas no Brasil
Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549. Suas ações moldaram os primeiros passos da sociedade colonial:
- Missões e aldeamentos: Fundaram aldeias como Piratininga (atual São Paulo), com enfoque educativo e evangelizador.
- Educação e cultura: O método Ratio Studiorum formou gerações de líderes e influenciou a identidade nacional.
- Atuação em defesa dos indígenas: Jesuítas como José de Anchieta e Antônio Vieira tornaram-se vozes contra a exploração colonial.
A expulsão dos jesuítas do Brasil em 1759, sob ordens do Marquês de Pombal, retirou deles poder político e econômico, mas seu legado permaneceu enraizado na educação e na cultura nacional.
Reformas e visão pastoral
- Justiça social e meio ambiente: Documentos como Laudato Si’ destacaram a necessidade de cuidar da criação e dos pobres.
- Abertura ao diálogo: Incentivou a comunhão de divorciados recasados e mostrou empatia por fiéis LGBTQIA+.
- Modernização da Cúria: Tentou reformar estruturas de poder no Vaticano, enfrentando resistência de alas conservadoras.
O Colégio de Cardeais e a sucessão
Com sua morte, o Colégio de Cardeais, composto por 135 eleitores, será responsável por eleger o próximo papa. Francisco nomeou 80% deles, o que pode indicar uma tentativa de manter sua linha de pensamento.
Entre os jesuítas aptos a votar estão:
- Jean-Claude Hollerich, S.J. (66 anos)
- Michael Czerny, S.J. (78 anos)
- Charles Maung Bo, S.J. (75 anos)
A baixa representação da ordem no conclave torna improvável, mas não impossível, a eleição de outro jesuíta.
Probabilidade de um novo papa jesuíta.
Fatores que reduzem a chance
- Número reduzido de jesuítas no Colégio de Cardeais: Apenas 3 dos 135 cardeais eleitores em 2025 são jesuítas, representando cerca de 2,2% do total.
- Busca por equilíbrio doutrinário: A Igreja costuma alternar perfis entre papados. Após um líder reformista como Francisco, há tendência de se buscar alguém mais moderado.
- Resistência interna: O estilo pastoral e descentralizado dos jesuítas não é bem aceito por todos na hierarquia eclesiástica.
Fatores que favorecem
- Influência duradoura de Francisco: A maioria dos cardeais eleitores foi nomeada por ele. Isso pode pesar a favor de um sucessor com visão semelhante.
- Abertura geográfica: O fortalecimento de cardeais da América Latina, Ásia e África pode favorecer perfis mais ligados à missão jesuíta.
Ainda que pouco provável, a eleição de outro papa jesuíta refletiria não só a continuidade do pontificado de Francisco, mas também uma renovação profunda na cultura institucional da Igreja.
Entre tradição e renovação
A ascensão de Francisco de jesuíta latino-americano a Papa Romano é um marco na história da Igreja Católica. Seu pontificado refletiu os valores jesuítas de missão, educação e justiça social, enquanto enfrentava desafios de uma Igreja dividida. No Brasil, os jesuítas deixaram um legado duradouro na educação e na defesa dos oprimidos, apesar de sua expulsão no século XVIII. Com 80% dos cardeais eleitores nomeados por Francisco e apenas 4 jesuítas entre eles, o próximo conclave será um teste de seu legado. A história dos jesuítas e de Francisco demonstra a capacidade da Igreja de se adaptar e evoluir, mantendo sua missão espiritual em um mundo em transformação.
Fonte: Própria / Edição: Eraldo Costa / Imagem: Divulgação
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