Contra os golpes das novas tecnologias, valem as velhas regras: não aceite presentes nem favores de estranhos.
Experiência de vida, muitos têm. Experiência digital, nem tanto. Esse é o paradoxo que se impõe, especialmente quando a tecnologia se torna o instrumento preferido para golpes que não escolhem vítimas pela idade, mas pela falta de familiaridade com as novas ferramentas.
Os aposentados e pensionistas do INSS — gente que já atravessou crises econômicas, mudou de governo e aprendeu a lidar com a vida real — agora enfrentam outro inimigo: um crime invisível, friamente executado por robôs, URAs automatizadas e até o reconhecimento facial.
A experiência, neste caso, não imuniza. Só evidencia que todos, absolutamente todos, podem ser pegos na teia cibernética.
O golpe: Arsenal digital dos fraudadores
Investigações apontam para um modus operandi sofisticado, onde golpistas utilizam um verdadeiro arsenal tecnológico para enredar suas vítimas. O esquema é engenhoso e, justamente por isso, tão letal. Robôs de atendimento (robocalls) realizam ligações em massa, enquanto sistemas automatizados as Unidades de Resposta Audível (URAs) digitais imitam com perfeição a linguagem oficial das instituições. E o que dizer do reconhecimento facial, (Biometrias), tão celebrado como ferramenta de segurança, mas agora convertido em atalho para validar empréstimos consignados que a vítima sequer imaginava ter solicitado?
A ironia é dolorosa: o mesmo aparato que prometia proteger, agora serve para ferir, silenciosamente, o bolso e a confiança de quem já contribuiu tanto.
A ilusão da praticidade e a armadilha
Vivemos na era do clique, do tudo rápido, do “não se preocupe, é só confirmar”. Mas, para quem não domina os meandros tecnológicos, essa facilidade é a porta de entrada para dívidas indevidas, que chegam de surpresa, escondidas em extratos e descontos automáticos.
No caso dos aposentados e pensionistas, a tecnologia se converte em um inimigo disfarçado, que explora não apenas a falta de informação, mas a própria boa-fé de quem atende o telefone achando que fala com alguém de confiança.
E se engana quem pensa que está seguro por saber “mexer no celular”. O golpe, cada vez mais sofisticado, dribla até quem se considera razoavelmente prevenido.
Como se proteger em um mundo onde todos são alvos?
A boa notícia é que ainda há espaço para a prudência. Algumas ações simples podem fazer toda a diferença para evitar cair nessa rede invisível.
Não compartilhe dados
Jamais forneça informações pessoais, senhas ou códigos por telefone ou links suspeitos. O INSS e os bancos não solicitam esse tipo de dado fora dos canais oficiais.
Monitore seu benefício
Use o aplicativo Meu INSS ou a central 135 para verificar regularmente seus extratos. Descontos não reconhecidos devem ser questionados sem demora.
Bloqueie empréstimos
Se não pretende contratar empréstimos consignados, é possível bloquear essa opção diretamente pelo Meu INSS. A prevenção é sempre mais eficaz que a reparação.
Atenção ao “sim”
Evite dizer “sim” em ligações de origem duvidosa. Essa resposta pode ser gravada e manipulada para validar operações fraudulentas.
Desconfie do que parece fácil demais
Ofertas irresistíveis, vantagens imperdíveis ou mensagens urgentes são, na maioria das vezes, armadilhas. Sempre confirme a veracidade de qualquer contato por meio dos canais oficiais.
Todos somos vulneráveis, mas ninguém precisa ser indefeso
A lição que fica é clara: em um mundo onde a tecnologia se move mais rápido que a nossa capacidade de adaptação, a vigilância se torna obrigação cotidiana. Não se trata apenas de proteger números ou documentos, mas de resguardar aquilo que é mais precioso: a tranquilidade e a autonomia.
Aos aposentados e pensionistas, essa é mais uma batalha. Para os demais, um alerta: a vulnerabilidade é universal, mesmo quando a experiência é vasta. O risco não está em ser inexperiente na vida, mas sim, na vida digital.
Fonte: Por: Eraldo Costa/Jornalista Guarulhos em Foco / Imagem: diviulgação