Guerra comercial: UE, Canadá e México contra-atacam, Brasil envia recado aos EUA.
O recente aumento das tarifas sobre o aço e o alumínio pelos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, desencadeou uma série de reações globais. O governo brasileiro, por meio dos Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, classificou a medida como “injustificável” e busca soluções diplomáticas para mitigar seus impactos.
Posição do Brasil
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, afirmou que o Brasil pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o governo não pretende retaliar imediatamente, mas acompanhará os efeitos das tarifas de 25% sobre o aço brasileiro antes de tomar medidas definitivas.
Em nota conjunta, os ministérios envolvidos lamentaram a decisão norte-americana, chamando-a de “equivocada” e “injustificável”. O documento também destacou que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, que, em 2024, chegou a US$ 7 bilhões em bens. No caso específico do aço, Brasil e EUA mantêm uma relação de complementaridade há décadas. O Brasil é o maior exportador de aço semiacabado para os EUA (US$ 2,2 bilhões, 60% do total importado pelos norte-americanos) e um dos principais importadores de carvão siderúrgico dos Estados Unidos (US$ 1,2 bilhão).
Diante do impacto das medidas, o governo brasileiro pretende atuar em coordenação com o setor privado para defender os interesses nacionais. Reuniões já estão previstas para as próximas semanas e todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior estão sendo avaliadas.
Reações Internacionais
México
A presidente Claudia Sheinbaum decidiu não impor tarifas recíprocas de imediato. O governo mexicano pretende esperar até 2 de abril para uma decisão definitiva, enquanto negocia com Washington. O México, um dos principais fornecedores de aço para os EUA, busca garantir uma solução favorável através do diálogo.
Canadá
O governo canadense optou por uma resposta mais enérgica, anunciando medidas de retaliação comercial. A partir desta semana, tarifas de 25% serão aplicadas sobre 29,8 bilhões de dólares canadenses em produtos norte-americanos, incluindo aço, ferramentas, equipamentos esportivos e produtos de ferro. Essas sanções se somam às já vigentes desde março sobre 30 bilhões de dólares canadenses em importações dos EUA. Ministros canadenses indicaram que o tema será discutido na reunião do G7.
União Europeia Contra-Ataca
A União Europeia (UE) também não deixou barato. Considerando a medida “injustificável”, o bloco anunciou contramedidas que afetam €26 bilhões em exportações norte-americanas. A resposta será implementada em duas fases:
- 1º de abril: Reaplicação de tarifas previamente suspensas sobre produtos como barcos, bourbon e motocicletas, totalizando €8 bilhões.
- Meados de abril: Novas tarifas sobre produtos industriais e agrícolas, somando €18 bilhões, após consulta com setores afetados.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou que, embora a UE esteja aberta ao diálogo, é fundamental proteger seus interesses econômicos e consumidores diante das ações dos EUA.
Cenário Global
As ações dos Estados Unidos e as respostas de seus parceiros comerciais, como Brasil, México, Canadá e União Europeia, aumentam a tensão global e o temor de uma guerra comercial. Especialistas alertam que essa disputa pode impactar negativamente a economia mundial, elevando custos para consumidores e empresas e gerando instabilidade nos mercados internacionais.
A situação reflete o aumento da incerteza nas relações comerciais, com países adotando medidas para proteger suas economias ao mesmo tempo em que tentam evitar uma escalada no conflito.
Fonte: www.correiobraziliense.com.br / Redator: E4raldo Costa / Imagem: QwenIA Banco de Imagem