Lula enfrenta reveses no Congresso: O Jogo político do centrão.
Autor: Eraldo Costa
Em seu terceiro mandato como presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem enfrentado desafios significativos no Congresso Nacional. Na terça-feira (28), uma das mais significativas foi a derrubada do veto presidencial ao projeto de lei que restringia as saídas temporárias para presos do regime semiaberto. Além disso, os parlamentares restauraram a proibição do uso de recursos da União para políticas de incentivo ao aborto, invasão de propriedades e mudanças de sexo em crianças, e ainda o Congresso manteve o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro à Lei 14.197/2021, que revogou a Lei de Segurança Nacional e impedia a criminalização da disseminação de fake news eleitorais.
Contexto Político Atual
Lula está no seu terceiro mandato como presidente do Brasil, tendo tomado posse em 1º de janeiro de 2023. Seu vice, Geraldo Alckmin, conhecido por sua habilidade nas negociações e capacidade de transitar entre diversos partidos, encontra-se isolado e relutante em arriscar conflitos. Entretanto, Lula tem enfrentado uma série de derrotas no Congresso e traições entre aliados.
Centrão interesse fisiológico
O Centrão é frequentemente associado à “velha política” e ao fisiologismo, ou seja, à busca de ganhos partidários e pessoais sem considerar ideologias ou o interesse público, e atualmente sendo um grupo heterogêneo e poderoso formado por partidos de centro e direita, tem demonstrado sua força ao impor derrotas ao governo Lula. Composto por partidos como PL, PP, Republicanos, PTB, MDB, União Brasil, Podemos e PSD, o Centrão atua como uma aliança de conveniência, movida por interesses pragmáticos.
Prováveis causas das derrotas
Disputa pela presidência da cãmara de deputados
A crescente rejeição ao presidente Lula e o apoio ao vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcos Antonio Pereira (Republicanos – SP), como substituto de Arthur Lira (PP/AL), inflamaram egos e poderes ameaçados pelo apoio do executivo. As negociações de vetos de pautas polêmicas em regime de urgência por Lira e seus aliados demonstraram que o “aluguel” do Centrão precisa ser renovado a cada pauta.
Olho nas eleições municipais
As ações do Centrão na Câmara dos Deputados estão fortemente influenciadas pelas próximas eleições municipais. Líderes dos partidos do Centrão estão utilizando as votações no Congresso como forma de demonstrar força e garantir apoio político local. A derrubada do veto presidencial e a manutenção de políticas contrárias ao governo Lula refletem essa estratégia de fortalecimento local e preparação para as eleições de 2024.
Estratégia do Centrão
A estratégia do Centrão envolve a aprovação de pautas que favoreçam seus interesses e a imposição de derrotas ao governo para aumentar sua influência política. A manutenção do veto à Lei de Segurança Nacional, que impede a criminalização da disseminação de fake news eleitorais, é um exemplo de como o Centrão utiliza seu poder para moldar a agenda legislativa de acordo com seus objetivos.
Consequências para o Governo Lula
A constante necessidade de renegociar apoios a cada nova pauta legislativa coloca o governo Lula em uma posição de vulnerabilidade. A traição de aliados em votações cruciais mostra a fragilidade da coalizão governista e a dificuldade em manter um relacionamento estável com o Centrão.
Futuro Político
Com as eleições municipais se aproximando, o Centrão deve continuar a utilizar seu poder de barganha para consolidar sua posição política. Lula, por sua vez, precisa adaptar suas estratégias para lidar com um Congresso cada vez mais hostil e volátil.
Aluga-se
A máxima “O Centrão não se compra, apenas se aluga” reflete a realidade política enfrentada pelo presidente Lula. Em um cenário onde a lealdade é temporária e as alianças são baseadas em interesses imediatos, o governo precisa estar preparado para constantes renegociações e adaptações estratégicas para sobreviver no ambiente político brasileiro.