7 de Setembro: Dia da independência que pode reescrever a história do bolsonarismo
Autor: Eraldo Costa
À medida que se aproximam as eleições municipais de 2024, uma névoa de incerteza paira sobre as escolhas políticas dos eleitores de direita e extrema-direita. A indicação de candidatos pelos líderes da direita tem gerado uma série de divisões e desconfortos entre os apoiadores, revelando uma falta de coesão e clareza nas diretrizes para o voto.
Divergências em São Paulo
Em São Paulo, a situação é emblemática. O ex-presidente Jair Bolsonaro declarou apoio ao atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição. No entanto, 37% dos eleitores que anteriormente apoiaram Bolsonaro manifestaram a intenção de não votar em Nunes, preferindo apoiar Pablo Marçal (PRTB). Marçal, conhecido por adotar uma retórica mais alinhada com as pautas conservadoras e uma postura agressiva, tem atraído a atenção dos bolsonaristas descontentes com a postura mais branda de Nunes.
Insatisfação silenciosa nas redes sociais
A insatisfação entre os apoiadores de Bolsonaro não se reflete abertamente nas redes sociais. Muitos líderes e influenciadores têm evitado criticar Nunes ou expressar apoio a Marçal para não contrariar o ex-presidente. Esse comportamento é parcialmente devido à ordem de Bolsonaro que desestimula a promoção de conteúdos favoráveis a Marçal. A convenção de Marçal, marcada por um discurso de costumes e elementos simbólicos associados a Bolsonaro, destaca a divisão interna dentro da base bolsonarista.
Bolsonarismo independente de Bolsonaro
A dissidência entre o apoio a Nunes e Marçal demonstra um bolsonarismo que parece seguir seu próprio caminho, independente da liderança direta de Bolsonaro. Marçal tem explorado lacunas deixadas por Nunes e se posicionado contra o sistema, atraindo eleitores que se sentem deslocados pelas opções atuais. Enquanto isso, a aliança de Nunes com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, parece buscar uma blindagem política e judiciária, aproveitando a posição de Nunes para garantir uma proteção adicional no Judiciário.
Estratégias e desafios
A presença de Marçal e Nunes em eventos separados, como o ato de 7 de setembro, pode sinalizar o início do fim para o apoio a Bolsonaro. A expectativa é que a postura de Nunes em relação a figuras como Alexandre de Moraes influencie a lealdade de suas lideranças. Por outro lado, o apoio de Bolsonaro a Nunes tem sido inconsistente, com o ex-presidente sendo obrigado a elaborar um vídeo que circula nas redes sociais reafirmando seu apoio a Nunes e a outros candidatos que também são rejeitados pelos seguidores bolsonaristas. Um exemplo dessa rejeição é o caso de Guarulhos, onde a polarização entre os candidatos que se dizem de direita reflete a divisão no apoio bolsonarista.
A campanha de Nunes tem feito esforços para conter o apoio velado a Marçal e realinhar sua base de apoio. Reuniões entre a equipe de Nunes e bolsonaristas têm sido realizadas para “aparar arestas” e resolver questões relacionadas à imagem pública do candidato e seu alinhamento com Bolsonaro.
“Grito de independência”
A divergência entre o apoio a candidatos como Ricardo Nunes e Pablo Marçal pode sinalizar que o movimento bolsonarista está começando a traçar seu próprio caminho, desvinculando-se das diretrizes do ex-presidente. A presença dos candidatos nas celebrações do Dia da Independência, no dia 7 de setembro, será um momento crucial. Esse evento pode ser visto como um “grito de independência” não apenas em relação à política tradicional, mas também como um ponto de virada decisivo para o futuro político do grupo.
Conclusão
O “grito de independência” pode simbolizar a afirmação de uma nova autonomia política, ou, em um sentido mais sombrio, o início de uma “morte política” para as alianças estabelecidas. Assim, o Dia da Independência poderá revelar se o movimento bolsonarista continuará a seguir a linha de comando dos líderes ou se abraçará um novo caminho político.
Fonte: www.noticias.uol.com.br / Imagem: Arte Eraldo Costa